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Dois filmes. Uma ficção baseada em fatos reais e um documentário com requintes ficcionais. Assim podemos definir "Lula, o filho do Brasil", dirigido por Fábio Barreto, e "O homem que engarrafava nuvens", dirigido por Lírio Ferreira.
Enquanto o primeiro, trata da trajetória do atual presidente da "Braziland" até o momento em que ele alça o posto de liderança sindical - entre o final dos anos 70 e início dos 80-, o segundo trata da vida de Humberto Teixeira, compositor da maioria dos sucessos de Luiz Gonzaga e pai da atriz Denise Dumont, de forma poética e com fotografia primorosa de Walter Carvalho.
As duas obras podem ser vistas como um díptico que aborda a relação Nordeste-Sudeste no processo histórico brasileiro. Enquanto o filme sobre Lula traz esta relação para um momento pós-Vidas Secas, no qual o nordestino desce para São Paulo e vence na vida, o documentário sobre Humberto Teixeira mostra (mais uma vez) como o Sudeste industrializado e "moderno" sempre careceu da originalidade de outras regiões do Brasil (neste caso, o nordestino Teixeira descendo para o Rio de Janeiro, onde encontra-se com Luiz Gonzaga) no processo de produção cultural e de construção de sua identidade.
No relato do documentário idealizado por Denise Dumont, filha de Humberto Teixeira, pela via do baião. Mas, podemos citar outros, como quando a classe média carioca subiu os morros do Rio (repleto de nordestinos e negros) para buscar ali o samba que seria néctar para a criação da bossa-nova, apenas para citar um exemplo.
Porém, apesar de tanta riqueza local, parece que a proximidade cega, e continuamos querendo ser europeus, ou qualquer outro que não nós mesmos, conforme temática analisada Manuel Bomfim, autor tema de mestrado do historiador pela PUC-SP César Luiz Sampaio (em breve nas melhores livrarias) e depois Darcy Ribeiro.
É possível dizer que, esteticamente, "Lula, o filho do Brasil" pouco acrescenta à cinematografia atual basileira. Porém, esta produção - seguindo a linha de "2 Filhos de Francisco" -, segue uma nova tendência de o cinema brasileiro passar a integrar o processo cultural de criação dos heróis nacionais da Braziland. Prática usada por Hollywood desde sempre, com as histórias de seus selfmade men.
Vou tomar um chá...
Já me perguntaram se vou ver "Lula, o filho do Brasil". Votar no Lula eu voto, mas não pretendo ver o filme, porque dramalhão no cinema não faz muito meu tipo.
ResponderExcluirSaudações