domingo, 24 de janeiro de 2010

"O Homem que engarrafava nuvens" e "Lula, O filho do Brasil"


Reprodução


Dois filmes. Uma ficção baseada em fatos reais e um documentário com requintes ficcionais. Assim podemos definir "Lula, o filho do Brasil", dirigido por Fábio Barreto, e "O homem que engarrafava nuvens", dirigido por Lírio Ferreira.

Enquanto o primeiro, trata da trajetória do atual presidente da "Braziland" até o momento em que ele alça o posto de liderança sindical - entre o final dos anos 70 e início dos 80-, o segundo trata da vida de Humberto Teixeira, compositor da maioria dos sucessos de Luiz Gonzaga e pai da atriz Denise Dumont, de forma poética e com fotografia primorosa de Walter Carvalho.

As duas obras podem ser vistas como um díptico que aborda a relação Nordeste-Sudeste no processo histórico brasileiro. Enquanto o filme sobre Lula traz esta relação para um momento pós-Vidas Secas, no qual o nordestino desce para São Paulo e vence na vida, o documentário sobre Humberto Teixeira mostra (mais uma vez) como o Sudeste industrializado e "moderno" sempre careceu da originalidade de outras regiões do Brasil (neste caso, o nordestino Teixeira descendo para o Rio de Janeiro, onde encontra-se com Luiz Gonzaga) no processo de produção cultural e de construção de sua identidade.

No relato do documentário idealizado por Denise Dumont, filha de Humberto Teixeira, pela via do baião. Mas, podemos citar outros, como quando a classe média carioca subiu os morros do Rio (repleto de nordestinos e negros) para buscar ali o samba que seria néctar para a criação da bossa-nova, apenas para citar um exemplo.

Porém, apesar de tanta riqueza local, parece que a proximidade cega, e continuamos querendo ser europeus, ou qualquer outro que não nós mesmos, conforme temática analisada Manuel Bomfim, autor tema de mestrado do historiador pela PUC-SP César Luiz Sampaio (em breve nas melhores livrarias) e depois Darcy Ribeiro.

É possível dizer que, esteticamente, "Lula, o filho do Brasil" pouco acrescenta à cinematografia atual basileira. Porém, esta produção - seguindo a linha de "2 Filhos de Francisco" -, segue uma nova tendência de o cinema brasileiro passar a integrar o processo cultural de criação dos heróis nacionais da Braziland. Prática usada por Hollywood desde sempre, com as histórias de seus selfmade men.

Vou tomar um chá...

Um comentário:

  1. Já me perguntaram se vou ver "Lula, o filho do Brasil". Votar no Lula eu voto, mas não pretendo ver o filme, porque dramalhão no cinema não faz muito meu tipo.

    Saudações

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